Por Mário Terres
Saudades minha gente, o Chê Cervejeiro andava afastado das escritas, mas voltou com tudo.
E por falar em cervejeiro, cerveja, vamos escrever um pouco sobre a produção de cerveja caseira, uma prática que tomou conta do nosso país, mas que já é usual em outros territórios desde muito tempo.
A produção de cerveja artesanal no Brasil começou tímida. Em 1830 os imigrantes começaram a produzir cerveja artesanal, mas apenas para o consumo da família. A cerveja artesanal no Brasil ganhou força no final do século XIX, quando o aumento dos impostos inviabilizou a importação da bebida.
Nesse período, surgiram muitas cervejarias sem marca alguma, que vendiam a bebida em barris para os comércios. Muitas vezes, os próprios comerciantes engarrafavam a bebida.
Em 1836, foi publicado no “Jornal do Commercio do Rio de Janeiro” o primeiro anúncio publicitário brasileiro da bebida. O anúncio dizia: “Na Rua Matacavalos, número 90, e Rua Direita número 86, da “Cervejaria Brazileira”, vende-se cerveja, bebida acolhida favoravelmente e muito procurada. Essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo“.
Em 1846, Georg Heinrich Ritter instala uma pequena linha de produção de cerveja na região de Nova Petrópolis – RS, criando a marca Ritter, uma das precursoras do ramo cervejeiro.
A década de 40 desse século foi um período de grande desenvolvimento. Conheça outras cervejarias que surgiram até 1855:
• Cervejaria Brasileira (RJ, 1836);
• Henrique Schoenbourg (SP, 1840);
• Georg Heinrich Ritter (Nova Petrópolis/RS, 1846);
• Henrique Leiden (RJ, 1848);
• Vogelin & Bager (RJ, 1848);
• João Bayer (RJ, 1849);
• Gabriel Albrecht Schmalz (Joinville/SC, 1852);
• Henrique Kremer (Petrópolis/RJ, 1854);
• Carlos Rey (Petrópolis/RJ, 1853).
Apesar das novas oportunidades, os cervejeiros encontraram desafios. A falta de cevada e lúpulo, até então importados da Alemanha e Áustria, estimularam a produção com o uso de outros cereais como arroz, milho e trigo. Outra dificuldade era alto custo da refrigeração no país tropical. Beber uma cerveja gelada era algo raro.
Para fazer cerveja em casa pode-se utilizar a água da torneira, que algumas vezes é melhor que a água oriunda de poços artesianos. Isto porque a água tratada geralmente vem de fontes rasas, contêm menos minerais pesados e pode ter um pH mais adequado. A principal informação que o cervejeiro deve saber é o pH da sua água.
Portanto a água pode influenciar no resultado final da sua cerveja, porém na fabricação caseira não será a água a sua preocupação inicial, pois não inviabiliza a fabricação. Pode-se utilizar água mineral ou da torneira, lembrando-se a água da torneira contém cloro. Isso pode ser resolvido utilizando-se água previamente fervida no processo de fabricação (o cloro evapora).
A cerveja artesanal é uma nova realidade que surgiu para ficar tanto para produtores quanto para consumidores. Com uma população de mais de mil cervejeiros artesanais pelo país e incontáveis consumidores, é praticamente certa a tendência de surgirem novas pequenas empresas que se dediquem a empreender na produção de cerveja artesanal.
E no contexto atual, como se dá a normatização da produção caseira ou artesanal?
Mas qual é a necessidade de normatizar a bebida consumida na cultura humana há mais de 7000 anos, resultado de técnicas de preservação dos alimentos? O ato de transformação de cevada e água em um líquido estável e perdurável, através da ação de leveduras, para posterior disponibilização ao consumo humano só desperta o interesse público na medida em que é colocado ao consumo. Não há nenhuma norma que impeça os cervejeiros artesanais de colocarem em prática os seus desígnios pessoais. À diferença do que ocorreu nos EUA com o Prohibition, aqui a cerveja nunca foi criminalizada, portanto há ausência de qualquer tipo de norma proibitiva quanto a existência do objeto em si.
Esse assunto a gente fala no próximo post, acompanhe a gente, deixe seu recado e compartilhe informação com seus amigos.
Baitabraço e até o próximo post... PROST!!!!!!
Referência: Livro Larousse da Cerveja, Editora Larousse. Site Jusbrasil.
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